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Hospitais participam de audiência pública sobre riscos de contaminação da covid-19 pelo ar

Iniciativa integra procedimento promocional do MPT e tem o objetivo de recomendar boas práticas para prevenir a ocorrência de contágios no ambiente laboral

Campinas - O Ministério Público do Trabalho (MPT) e o Centro de Referência em Saúde do Trabalhador (CEREST) de Piracicaba realizaram na tarde dessa quarta-feira (03/02), em ambiente virtual, uma audiência pública com representantes de hospitais das cidades de Americana, Amparo, Araras, Bragança Paulista, Campinas, Indaiatuba, Jundiaí, Leme, Limeira, Piracicaba, Rio Claro e Santa Bárbara D´oeste para debater os riscos de contágio da covid-19 em ambientes fechados e a importância do tratamento do ar. O encontro, que contou com a participação de cerca de 120 pessoas, foi uma oportunidade de capacitar os gestores sobre boas práticas no uso de equipamentos de climatização, a fim de evitar a presença do coronavírus no ar, protegendo trabalhadores, pacientes e acompanhantes de um possível contágio. O vídeo contendo a gravação da audiência está disponível no canal do MPT Campinas no YouTube (acesse clicando aqui).

A iniciativa integra um procedimento promocional do MPT Campinas, conduzido em conjunto com o CEREST Piracicaba, instaurado a partir de evidências de que os equipamentos de ar condicionado podem ser potenciais propagadores de doenças caso não passem por um processo adequado de instalação e manutenção. O encontro, já realizado em novembro com os setores supermercadista e bancário, teve como objetivo passar recomendações de como lidar melhor com essa questão nos ambientes de trabalho.

“Com a pandemia, redirecionamos o nosso foco para auxiliar e apurar a conformidade de condutas, como a emergência sanitária nos reclama neste momento. A propagação do coronavírus por sistemas de climatização nos chamou atenção, levando-nos a organizar eventos com vários segmentos da economia, uma vez que o assunto nos preocupa. Por mais que tenhamos uma factividade da vacinação já acontecendo no Brasil, o processo ainda é lento, fazendo necessária a abertura de um espaço de diálogo e de informação compartilhada para avançar nos procedimentos de segurança”, afirmou o procurador Silvio Beltramelli Neto, do MPT Campinas.

Antes de dar início à audiência, Beltramelli exaltou o papel dos profissionais da saúde neste tempo de pandemia. “Transmito a todos vocês, profissionais da área da saúde, em nome do MPT, mas também como cidadão brasileiro, a nossa mais sincera gratidão por todos os seus sacrifícios. Se a questão sanitária em nosso país é grave, seguramente seria ainda pior se não houvesse este compromisso de vocês”.

O médico Ildeberto Muniz de Almeida, docente e pesquisador do Departamento de Saúde Pública da UNESP Botucatu, foi um dos convidados para expor o tema “Covid em ambiente hospitalar e a importância do tratamento do ar”. Almeida iniciou sua exposição chamando atenção para os principais caminhos de transmissão da covid-19, especialmente por meio de gotícolas e aerossóis (micropartículas provenientes da tosse, espirro e fala), o que possibilita o contágio a partir dos sistemas de climatização nos ambientes hospitalares, uma vez que tais micropartículas se mantêm suspensas no ar por longos períodos, a depender de seu diâmetro.

Citando recente estudo publicado pela revista Nature, o expositor informou que, apesar da pesquisa ter concluído pelo baixo risco de transmissão proveniente do contato de superfície, existem dúvidas sobre este caminho de contágio na atividade de saúde. “O trabalho na área da saúde envolve o paciente sintomático, certamente aumentando o risco da contaminação. Mesmo sendo um contato de curta duração, é um contato direto, envolvendo outras possibilidades de interações. Nesse ambiente há, inclusive, a possibilidade de os sistemas de ventilação levarem o vírus para locais distantes de onde está o paciente”, apontou. A Organização Mundial de Saúde (OMS) reconhece a transmissão da covid-19 por aerossóis, especialmente em locais em que não há uma ventilação adequada.

Almeida citou a importância de se considerar a disponibilidade da ventilação natural em ambientes fechados, para que o ar interior seja constantemente renovado. Caso este tipo de ventilação seja insuficiente, se faz necessária a adoção de sistemas individuais de ventilação para minimizar a possibilidade de contágio da covid-19, contendo filtração e componentes eficazes de controle, para filtrar e acondicionar o ar respirado pelos profissionais de saúde, pacientes e acompanhantes. “Quando a única fonte de substituição de ar vem de portas e janelas, os hospitais devem considerar a instalação de sistemas de injeção de ar, com fluxo próximo ao solo, com a possibilidade de exaustão, sem que o ar tenha contato com outro trabalhador”, pontuou.

Embasado em estudos científicos, o palestrante recomendou aos presentes que mantenham os ventiladores de teto desligados durante a pandemia, uma vez que eles criam fluxos de ar em volta dos trabalhadores e possibilitam o retorno de partículas virais em direção à zona respiratória.

Encerrando sua exposição, Almeida mostrou um estudo realizado em um hospital vertical que demonstrou a presença de carga viral em amostras coletadas de tetos e superfícies dos dutos centrais de ar condicionado, bem como dos filtros de exaustão central e filtros adjacentes. “a detecção de SARS-CoV-2 no sistema de ventilação central do hospital, distante da área de pacientes, indica que o vírus pode ser transportado por longas distâncias e que a transmissão do vírus via aerossóis deve ser levada em consideração”, afirmou.

O engenheiro e professor da PUC-SP, Lúcio Flávio de Magalhães Brito, deu seu ponto de vista técnico a respeito dos riscos da falta de cuidados na climatização do ambiente hospitalar. Na exposição do tema “Como desenvolver boas práticas no tratamento de ar em ambiente hospitalar?”, ele observou, primeiramente, a importância de se reconhecer que o sistema de climatização é uma fonte potencial de risco. Depois disso, implementar medidas de controle técnicas, administrativas e econômicas. “É importante conhecer os mecanismos de ação. O hospital tem que cumprir inúmeras leis e normas, mas os profissionais que cuidam desse sistema não têm apoio suficiente. É importante que eles tenham esse apoio para antecipar o trabalho”, disse.

Brito chamou atenção para a complexidade e peculiaridade de cada instalação hospitalar, sendo que cada estrutura predial nunca é igual à outra. “As pessoas que trabalham com sistemas de climatização devem ter um grau de especialização, uma vez que existe a responsabilidade técnica. O aparelho de split, por exemplo, ficou barato ao longo dos anos, e as pessoas aprendem a instalar, mas não têm conhecimento técnico, são meras instaladoras. O hospital, ao contrário, tem que demonstrar que conhece o equipamento”, alertou.

Insistindo na importância da manutenção de estrutura de serviço, o professor apontou que o técnico consegue sustentar a evidência científica relativa à qualidade do ar, mas é importante que se mantenha uma boa gestão administrativa, mediante a emissão de ordens de serviços e observância das leis e normas, e também uma boa gestão financeira dos contratos, mediante a contratação de mão de obra especializada e um conjunto de licenças e registros.

“Para se manter uma boa qualidade do ar e preservar a segurança coletiva, é preciso entender que a tecnologia tem um ciclo de vida. É necessário prever a substituição com o passar do tempo”, explicou. Brito explicou a diferença de ar refrigerado e ar condicionado, sendo o segundo um equipamento com maiores parâmetros, capaz de medir a temperatura, umidade relativa, pressão do ar, ruídos, controle de vazão, entre outros, tornando-o bem mais complexo e crucial para ambientes hospitalares.

“Um bom indicador para avaliar a qualidade do ar é a concentração de gás carbônico. Com relação à covid-19, é importante considerar que a velocidade de queda de uma partícula é proporcional ao quadrado do seu raio. Ou seja, dependendo do seu diâmetro, ela fica em suspensão no ar, às vezes por horas ou dias. Caso o sistema de climatização não estiver dentro de parâmetros de segurança, o risco de contaminação é grande”.

O profissional ainda explicou da importância de se trocar filtros de ar, mas nunca considerando a troca temporal, mas a troca a partir da medição da pressão do ar (quanto maior, pior), além da necessidade de os hospitais elaborarem planos para manter um sistema/equipe que proporcionem a boa qualidade do ar, mesmo que não haja condições financeiras imediatas para tal. “Um lugar que existe para oferecer saúde não pode ser responsável por adoecer as pessoas”, concluiu.

A audiência foi finalizada com debates mediados pela represente do CEREST Estadual, Simone Alves dos Santos.

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